Para acreditar no amor no dia a dia
Texto escrito durante a leitura de Anexos - Rainbow Rowell
Noite fria, cobertor e um livro leve, ótima forma de encerrar um dia. E de ser pega pelo tamanho da minha língua.
Quando li a resenha deste livro (eu leio algumas… 😁) eu pensei: “Nossa, há quantos séculos eu não tenho uma conversa pessoal que poderia ser a distração do pessoal de monitoramento corporativo!” Eis que no dia seguinte que comecei a leitura fui chamada por uma amiga para discutirmos mapa astral dela, no Teams!
E lembrei também de um amigo que resolvia ir tomar café em outro andar, pelas escadas, sempre que lia no monitoramento um casal marcando um date em horário de trabalho… (Seria ele um defensor da família ou somente alguém que queria um beijinho infiel no meio da tarde?) E também que em dias de tédio escolhia palavras aleatórias para colocar no sistema e ver se aparecia alguma coisa. Recordo-me especialmente da palavra “guarda-chuva”, não sei por que ficou marcada (nem consigo imaginar que tipo de conteúdo interessante poderia trazer).
Beth e seu momento madrinha de casamento reclamando do vestido logo me trouxe à mente “Vestida para casar” e parece que combina super com este momento cobertor.
Inclusive acabei assistindo na mesma noite em que escrevi sobre ele. A única coisa que ainda morava na minha mente antes de colocar o trailer aí de cima era o armário com todos os vestidos de madrinha que ela guardava. Não sou uma pessoa das comédias românticas. Em meus melhores momentos emocionais acho previsível, nos piores quero distância. Ontem, simplesmente não consegui evitar a curiosidade.
Falando em curiosidade, deparei-me com uma palavra que me fez questionar se o nível fluente para português seria uma descrição acurada para colocar no meu LinkedIn. Exemplifico: “O Village Inn tinha chegado ao seu nadir às três da manhã quando Lincoln se levantou para sair.” Reli a frase mais duas vezes, pois eu só conseguia pensar na marca de copos e imaginei que estava lendo errado. Não estava. Nadir é uma palavra!
Uma maneira super refinada de dizer que o lugar tinha dado tudo o que tinha para dar e era hora de ir embora… E olha que ainda faltava 1h para o modo Teorema de Carlão ser ligado…
Talvez devêssemos nos esforçar mais na hora de criticar.
Momento identificação com personagem? Temos. Eu flerto igualzinho a Beth. Eu simplesmente existo, sem estabelecer contato visual direto e esperando que a pessoa perceba por meios sobrenaturais e me aborde com base apenas na lei da atração… Eu queria taaaaaaanto, como ele não percebeu?
Mais um? Eu (assim como as amigas do livro) procuro levar a vida com muito humor e hoje me deparei com um episódio do Vibes em Análise que está me colocando muito para pensar no papel do humor no meu dia a dia. O quanto os memes que compartilho e recebo diariamente estão no fundo falando sobre uma dor que está lá dentro, mas da qual escolhemos rir ao invés de tratar. O quanto é muitas vezes uma dor compartilhada, que recebo de uma amiga e ainda encaminho para outra. Rir enquanto liberação emocional, enquanto ferramenta de identificação, de saber que não se é a única pessoa a passar por aquilo.
Este é o último, eu prometo. "-Quando foi que terminou?” “Pouco antes de começar - disse Lincoln" Este é um fenômeno que eu sinto como muito recente: O Quase. É aquele relacionamento que nunca foi, que sempre esteve ali no limiar de ser algo. E claro que Henrique e Juliano tem uma música para sofrermos esta dor. Serei apedrejada por um grupo e acolhida por outro, mas explico. Superar um relacionamento que aconteceu tem a alegria do que se viveu (e se perdeu, eu sei), mas em última instância tem os momentos ruins, os defeitos para se apegar. Um quase é sempre perfeito, é sempre sonho, porque ele nunca se realizou, não teve a oportunidade nem de dar errado.
Pessoas morando sozinhas no livro e passando pelos diferentes momentos que isso traz. As dores e delícias. Já se vão mais de 7 anos em que sou integrante do que é classificado pelo IBGE como família unipessoal e já não sinto mais a casa vazia, até penso que para mais alguém aqui, “aqui”, não poderia ser aqui. Eu ocupei cada espaço física e metaforicamente falando.
Isso não significa que eu queira ser uma ermitã. Quero pessoas na minha vida e uma mão para segurar. Alguém para me ajudar a recolher os copos e colocar na pia para serem lavados amanhã (este exemplo dos copos veio do livro, mas despertou um desejo novo em mim).
Ainda sobre casa: O Lincoln procurando lençóis masculinos e optando por um de violetas (porque ninguém ia ver mesmo) me trouxe algumas reflexões: o que seria um lençol masculino? Por que a obsessão do mercado de cama, mesa e banho com florzinhas? Meu Deus! Por que os lençóis não podem ser lisos? E finalizando, que triste optar por qualquer um só porque ninguém vai ver... Será que ainda estamos falando de lençóis? Não sei, me conte nos comentários! (muito influencer hoje…)
Adorei o "um artista da interpretação errônea e da conclusão precipitada, uma pioneira nas fronteiras inexploradas da incoerência"
Observação: meus lençóis comprados são todos lisos