The Marvelous Mrs. Maisel
Estou me sentindo um supermercado, lançando este texto especial de aniversário.
Hoje não é dia de livro, é dia de “mais”. E o “mais” de hoje é uma série. Assisti ao primeiro episódio ontem e ainda me sinto impactada. (Vocês lembram que este ontem já tem um tempo porque os textos vão sendo escritos até o momento que eu sinto que estão prontos, né? Alinhados. Podemos continuar)
Não foi indicação do algoritmo e sim de um ser humano de carne e osso que disse que eu ia adorar, que ela tem um senso de humor igualzinho ao meu. Lembro de ter respondido que eu ia escolher acreditar que isso era um elogio e receber como resposta: “Claro que é, eu adorei a série. Assisti as 5 temporadas.”
Sabe o que é o melhor e o pior até o momento? Ele estava CERTO.
Mais do que o senso de humor dela, eu pude sentir a dor transformada em graça com que eu passo pelos momentos da vida. Não é transformar em piada, é a escolha das palavras que faz com que os outros (e eu) acabemos rindo juntos de acontecimentos sérios. Eu, em sofás de amigas, em chats do trabalho, uma vez até mesmo em uma aula de Pilates, onde precisei justificar porque estava com as pernas doendo tanto dois dias depois do treino de pernas. Maisel coloca sua dor no palco, em apresentações de stand-up comedy nos anos 50 e é um arraso.
Como dizia um cliente meu, já há anos: “Nem todo riso é de alegria” e como eu mesma respondo à um incontável número de mensagens que recebo: “Eu estou rindo, mas é de desespero”, ou sua variação “Eu estou rindo, mas é com muito respeito”
Eu arranhei falar um pouquinho sobre humor e dor aqui:
Para acreditar no amor no dia a dia
Noite fria, cobertor e um livro leve, ótima forma de encerrar um dia. E de ser pega pelo tamanho da minha língua.
O aprendizado pelo dor é o tema deste episódio do Autoconsciente. E sempre que eu vejo comentários sobre algo servir de aprendizado eu sinto vontade de responder que eu não queria aprender nada! Eu queria ser feliz! “E eu vou fazer o que com este conhecimento todo? Fundar uma biblioteca?” Marcia Fervienza, sempre perfeita. A frase veio deste vídeo aqui:
Uma vozinha lá dentro de mim dizia que eu precisava me preparar para assisitir. Servi uma taça de vinho rose e uma de água e sentei no sofá. Justamente na semana em que eu havia decidido que ia pegar leve para passar com 5 estrelas nos meus exames de sangue sexta-feira. Tenho que dar razão há um médico que certa vez disse que gostaria de marcar acompanhamento mensal com todos os pacientes dele, pois as pessoas se cuidam por 2 semanas: uma antes dos exames e uma depois da consulta.
“(Maisel) - Essa sou eu. E a verdadeira “eu” não é divertida. Ela é triste, envergonhada e impotente. O que vc está fazendo?
(Susie) - Anotando. Isso é um bom material.
(Maisel) - Isso não é um material. É minha vida desmoronando.”
Eu queria abraçar a Maisel neste exato momento.
“(Mãe) - Ele tem que ver você e ver o que está perdendo.
(Maisel) - Não é esta a razão deste jantar
(Mãe) - Você é uma mulher solteira. É para isso que servem todos os jantares.”
E sinto que ela me abraçaria de volta. A série se passa nos anos 50, mas a mulher solteira heterosexual continua no mapa da fome quando o assunto é relacionamento. E antes que vc diga que é o peso de mais um aniversário falando mais alto, aqui temos alguém com menos velas no bolo falando sobre o tema. Spoiler? O item 6 é o meu favorito
Acho que este texto será cheio de memes
E para todas as pessoas que dizem que meu senso de humor me afastará do céu, tenho aqui esta jurisprudência para apresentar. Um vídeo do Papa Francisco, postado pelo Padre Fábio, é uma autenticação em dois fatores!
E são estes memes que me afastariam do céu (depois do vídeo acima não tenho mais este receio), alguns conteúdos muito específicos que só compartilho com aquela pessoa que vai entender sem eu ter que dizer mais nada, que eu penso o quanto é maravilhoso poder dizer absurdos para pessoas que nos conhecem bem. E o Principe Vidane fala sobre isso neste episódio de Dentro da Minha Cabeça
Agora já cheguei ao segundo episódio. Pretendo manter ao máximo sem spoilers, mas já é uma série antiga, né gente? Tem sido muito sobre a forma de lidar com a dor. Exitem muitas formas. Uma delas é a raiva. E é possível ver como isso esteve presente em toda a vida do Clodovil. Eu não conhecia a história dele, apenas o “personagem”. Não sabia que ele não se aceitava como gay e por isso era considerado por muitos como misógino e homofóbico. Este episódio de Crime e Mistério com Beto Ribeiro, vale o play.
E se bater o interesse por uma versão mais completa da história tem aqui Clodovil do Avesso - “Eu tenho fantasmas lindos e eu sirvo chá para eles”. Ainda estou ouvindo a série, mas esta frase mexeu muito comigo e continua ressoando dentro de mim.
A raiva pode nos levar a vários conflitos, mas evitar conflitos também não é a chave para uma vida feliz, aqui um episódio de En Terapia con Roberto Rocha, já aproveita e treina seu espanhol.
Acho que em algum momento já mencionei esta série e hoje quero fazer um comentário sobre o episódio que acabei de assistir almoçando nesta sexta-feira santa. É o episódio final da quarta temporada, mas não terá um spoiler. Pode seguir a leitura sem medo. Tem sido uma série de muito conforto (ao contrário da que nos guia na conversa de hoje que me faz refletir e questionar muito). A amizade e amor entre elas e entre toda a cidade é de preencher o coração e pensar que ainda é possível realmente se conectar com outras pessoas.
(Dana Sue) - É uma coisa deliciosa pedir o que você realmente deseja
(Helen) - Sabe por que isso é bom? Porque não fazemos com frequência
Eu não gosto de Natal, e já falamos sobre isso aqui:
Porém este episódio de Natal me fez pensar mais uma vez em algo que anda muito presente na minha mente em tempos recentes: o sofrimento não é opcional, ele simplesmente acontece, então por que evitar a alegria com medo de sofrer? A conversa do diálogo acima diz mais coisas do que as que coloquei ali. Fala inclusive sobre não se apequenar para caber nos lugares que não te comportam. Quantas e quantas vezes já me encolhi para caber? Não digo que isso nunca mais vai acontecer, porque eu sei que vai, tem momentos em que simplesmente queremos (custe o que custar), mas eu espero ter a percepção e a força de notar e agir.
Nossa conversa de hoje mostra o quanto me sinto Maisel, mas eu tenho meus momentos de Helen. Desejo e trabalho para que eles sejam maiores e mais frequentes a cada dia.
Apesar de estar buscando mais momentos Helen na minha vida, sei que sempre será de uma maneira “pequena”. Explico, com as palavras de outra pessoa, até o nome do podcast já nos ajuda a saber que vamos explicar algo díficil de colocar em palavras: Para dar nome às coisas. "A Mel tinha nascido com uma fome de mundo, um desejo de desbarvar tudo, a irmã dela tinha uma energia diferente. É como se a Mel fosse um som no último volume, intenso, desejante, sem medo, querendo ocupar todos os espaços e a irmã dela fosse um som ambiente. Sereno, tranquilo, discreto, receoso quase." Eu me sinto a irmã da Mel. Uma pessoa mais linear na vida. O alegre não me sacode e o triste não me bagunça por muito tempo. Pode ser eu sendo um adulto extremamente funcional e não me dando tempo de sentir as coisas de verdade? Pode, mas acho que tem um bom tanto de traço de personalidade. E cada dia nais nxergo esta “discrição” como uma qualidade e não como um defeito.
E agora eu vou falar sobre um pedaço que deu uma dorzinha de identificação:
(Joel) - Você é demais, Midge (suspiro)
(Maisel) - Demais o que?
(Joel) - Você conhece uma garota. Talvez ela seja bonita, talvez esperta, talvez engraçada. Quem sabe seus pais gostem dela. Se você for muito sortudo, ela terá duas destas coisas. Eu consegui tudo. É demais.
(Maisel) - Não foi o bastante.
(Joel) - Foi mais do que o bastante.
A identificação rolou porque em duas oportunidades amigas diferentes vieram recolher caquinhos de um coração partido e ressaltaram qualidades que eu sabia que eu tinha, mas que, como a Maisel, me faziam ter plena consciencia de que mesmo tudo aquilo não era suficiente.
O que a Maisel deveria ter respondido para o Joel?
Hoje é o primeiro episódio de mais uma temporada desta história que já está ficando longa, mas ainda está atraindo público. E como uma criança que cresceu assistindo as novelas da Globo, minha vida tem uma trilha sonora. Não está dividida em Nacional e Internacional e as músicas vão entrando e sainda dela ao longo do tempo. Por curiosidade bati o olho e a mais antiga está lá desde 11/05/2019. A mais nova? Chegou ontem enquanto eu caminhava na esteira e ela pareceu que devia morar lá e não onde estava. Adoro montar playlists.